Aflições do presente


Somos chamados a refletir sobre uma verdade que, embora desafiadora, é crucial para a nossa caminhada cristã: o sofrimento presente não é em vão. 

Charles H. Spurgeon, em uma de suas profundas declarações, nos lembra de que o principal propósito do sofrimento que enfrentamos como seguidores de Cristo não é nos poupar do sofrimento momentâneo, mas nos livrar do sofrimento eterno.

É importante compreendermos que o evangelho de Jesus Cristo nunca nos prometeu uma vida isenta de dores ou tribulações. Pelo contrário, nosso Senhor mesmo declarou: "No mundo, tereis aflições; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo" (João 16:33). 

Aqui, vemos que as aflições fazem parte da jornada do cristão. Elas não são acidentais ou sem propósito; são, na verdade, ferramentas nas mãos do Senhor para moldar o nosso caráter, fortalecer a nossa fé e nos conduzir a uma vida de completa dependência d'Ele.

No entanto, a perspectiva que o evangelho nos oferece é muito maior do que o sofrimento temporário que enfrentamos neste mundo. O apóstolo Paulo, em sua carta aos Romanos, afirma: "Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada" (Romanos 8:18). 

Paulo, alguém que passou por muitas provações – prisões, naufrágios, perseguições – sabia que o sofrimento presente era apenas temporário e não se comparava à glória eterna que aguardava os que permanecem fiéis.


O sofrimento presente, portanto, tem um papel em nos preparar para algo muito maior. Ele nos leva a entender que este mundo é passageiro e que há algo infinitamente melhor preparado para aqueles que estão em Cristo. 

Jesus, ao sofrer na cruz, suportou a dor e o peso do pecado, não para nos poupar das dificuldades da vida terrena, mas para nos livrar do sofrimento eterno da separação de Deus. Por meio de Seu sacrifício, Ele nos oferece a vida eterna, e é esta a verdadeira recompensa.

Quando passamos por dificuldades, somos tentados a perguntar "por quê?". Mas o evangelho nos convida a reformular essa pergunta para "para quê?". Deus usa o sofrimento para nos aproximar d'Ele, para nos purificar e nos fazer mais semelhantes a Cristo. 

Lembremos do que Pedro escreveu: "Nisso exultais, ainda que, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado pelo fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo" (1ª Pedro 1:6-7).


O sofrimento presente não é o fim. Ele é um meio pelo qual Deus nos prepara para a eternidade com Ele, onde não haverá mais dor, choro ou lamento (Apocalipse 21:4). 

Que possamos, assim, confiar no propósito redentor de Deus em meio às nossas tribulações e lembrar sempre que o nosso destino final não é o sofrimento eterno, mas a gloriosa presença do Senhor para todo o sempre.


Por Pr Márcio Batista
Foto: (Pfüderi/Pixabay) Reprodução / Divulgação

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