"Você nasceu de novo?" – A Suprema Pergunta da Vida Cristã
Charles H. Spurgeon, conhecido como o “Príncipe dos Pregadores”, nos leva ao cerne da verdadeira fé cristã ao declarar: "Não estou perguntando se você é wesleyano, batista ou presbiteriano. Eu quero saber uma única coisa: você nasceu de novo?"
Esta pergunta não apenas ecoa através dos séculos, mas ressoa profundamente em nossos corações como uma convocação para examinarmos nossa relação com Cristo.
O apóstolo Paulo, escrevendo aos coríntios, afirmou: "Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo" (2ª Co 5.17).
Aqui está o verdadeiro fundamento da fé cristã: uma transformação interior operada pelo Espírito Santo.
Não se trata de mera adesão a uma denominação, mas de uma mudança radical de vida, onde o velho homem morre e um novo ser, regenerado pelo poder de Deus, emerge.
Nos tempos bíblicos, os fariseus eram zelosos pela lei e pelas tradições, mas Jesus os confrontou ao dizer: "Necessário vos é nascer de novo" (Jo 3.7).
Nicodemos, um líder religioso, conhecedor das Escrituras e defensor da tradição judaica, foi desafiado por Cristo a entender que a verdadeira vida espiritual não vem do conhecimento teológico ou da posição religiosa, mas da regeneração pelo Espírito Santo.
Hoje, enfrentamos o mesmo perigo: muitos se identificam como cristãos, defendem suas tradições e denominam-se por rótulos eclesiásticos, mas nunca experimentaram o novo nascimento.
Não estamos negando a importância da igreja visível ou da identidade denominacional. A comunhão dos santos é essencial, pois somos chamados para viver em unidade (Jo 17.21).
No entanto, unidade não significa uniformidade doutrinária, mas sim um corpo unido pela experiência transformadora da salvação em Cristo Jesus.
Embora a unidade da fé em Cristo seja o fundamento da verdadeira comunhão dos santos, não podemos ignorar a importância da uniformidade eclesiástica dentro de cada denominação.
As doutrinas, liturgias e práticas específicas de uma igreja local não são meros detalhes secundários, mas refletem a forma como compreendemos e aplicamos as Escrituras.
Deus nos chamou para sermos um só povo, mas permitiu que, dentro desse Corpo, houvesse diversidade na organização e na expressão da fé.
Essa diversidade denominacional não deve ser vista como divisão, mas como uma riqueza que nos distingue sem nos separar.
A solidez doutrinária de cada denominação é essencial para manter a identidade e o compromisso com a sã doutrina (2ª Tm 1.13-14), ao mesmo tempo em que não anulamos a unidade essencial da Igreja de Cristo.
Somos diferentes na forma, mas iguais na fé em Jesus, firmados na verdade inegociável de que há um só Senhor, uma só fé e um só batismo (Ef 4.5).
A pergunta de Spurgeon nos obriga a refletir: será que nossa fé é apenas uma herança cultural ou, de fato, uma experiência pessoal com o Cristo ressurreto?
Estamos enraizados na Palavra e guiados pelo Espírito, ou apenas sustentamos um nome denominacional sem vida espiritual?
Que possamos, como verdadeiros discípulos de Cristo, buscar a renovação diária, vivendo a realidade de uma nova criatura, sem permitir que rótulos nos dividam, mas sim que o amor de Deus nos una em um só propósito: glorificar Aquele que nos salvou.
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